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Azul Linhas Aéreas amplia reciclagem e segue só entre as grandes no setor no país

Matéria publica em: 12/05/2017
Por: Mara Gama
Veículo: Folha de São Paulo

A companhia aérea Azul ampliou a reciclagem de material de serviço de bordo. Segue sozinha nesse tipo de iniciativa entre as grandes do mercado de aviação no Brasil.

Anunciou, na semana passada, que começou a separar recicláveis, incluídas as embalagens de salgadinhos, em todos os voos com destino a Viracopos (SP), Guarulhos (SP) e Recife (PE). E que em breve fará o mesmo naqueles que chegam ao aeroporto Internacional de Belo Horizonte (MG). Com 123 aviões em funcionamento, a companhia tem mais de 700 voos diários.

É dever das companhias fazer a separação dos resíduos entre infectantes (dos banheiros) e comuns (todos os demais do serviço de bordo, refeições, operações). Em solo, a companhia destina os itens recolhidos às áreas segundo a administração aeroportuária e o aeroporto faz a destinação final dos resíduos.

Na separação dos resíduos comuns está a chance de melhorar. As equipes de bordo são fundamentais. No programa da Azul, os comissários serão munidos de três tipos de sacos para coletar separadamente latas, plásticos e papéis e os demais resíduos.

Após o desembarque, os materiais devem ser destinados às cooperativas de reciclagem. Nos voos internacionais para Europa e Estados Unidos, cobertores e fones da Classe Executiva são recolhidos após o desembarque e limpos para reutilização.

Desde 2014, a Azul destina as latinhas de alumínio que chegam a Viracopos às cooperativas da região de Campinas. De lá para cá, somou mais de 20 toneladas, arrecadando cerca de R$ 1.000,00 por tonelada. Com a verba, segundo informa sua assessoria, comprou cadeiras de rodas que doou a instituições que cuidam de idosos.

E claro que é pouco dinheiro, mas deixar de jogar fora uma montanha de materiais que podem ser aproveitados faz toda a diferença. E a companhia é a única entre as quatro grandes do mercado de aviação brasileiro que tem e divulga seu programa de reciclagem.

Tentei saber das outras três grandes como organizam esse fluxo de resíduos a bordo. Por meio de suas assessorias, Avianca, Latam e GOL responderam de forma protocolar que fazem o que a lei manda.

"A GOL reconhece a importância do tratamento adequado dos resíduos dos materiais utilizados a bordo e trabalha, em conjunto com as administradoras aeroportuárias, para realizar o acondicionamento e o descarte destes itens em conformidade com o plano de gerenciamento de resíduos sólidos determinado pelos aeroportos. Os processos são estabelecidos de acordo com a estrutura e a demanda de cada local e visam cumprir com as regras da legislação vigente".

"A gestão e destinação desses materiais são feitas por empresas terceirizadas, que dão o tratamento adequado aos resíduos, de acordo com as normas vigentes de vigilância sanitária e de modo a minimizar os impactos", informou e-mail da Avianca.

"A LATAM Airlines Brasil informa que cumpre todas as normas do setor e é de responsabilidade do administrador aeroportuário a coleta e disposição de todos os resíduos produzidos em voos."

O problema dos resíduos de voos não é desprezível e já já - espero eu - as companhias vão ter de dedicar mais atenção ao tema. Segundo levantamento da Azul, dependendo do tipo de aeronave, são gerados por voo de 60 a 360 litros de resíduos não-infectantes, soma que inclui os recicláveis.

No início de abril, reportagem do "The Guardian" trouxe um balanço internacional sobre a situação dos resíduos de aviões. Em 2016, segundo dados da IATA (International Air Transport Association), as aéreas geraram 5,2 milhões de toneladas de resíduos e a maior parte desse lixo foi parar em aterros e não na reciclagem.

O peso equivale a 2,6 milhões de automóveis e, os custos de destinação, a 400 milhões de libras esterlinas, cerca de R$ 1,7 bilhão. De acordo com a IATA, os custos de descarte crescerão mais rápido ainda que os volumes de resíduos e isso exigirá que as companhias aéreas adotem novos procedimentos.

Algumas empresas já acordaram para o fato de que reciclar é uma questão econômica. A United Airlines começou a usar copos de papel compostáveis e a doar necessaires não usadas para abrigos. A Virgin recicla todas as partes de seus fones de ouvido para fazer carpetes.

A Iberia tem um plano de recuperação de 80% dos resíduos que chegam a Barajas, o aeroporto internacional de Madri, capital espanhola, até 2020. O programa da Iberia também quer diminuir quantidade de embalagem nas refeições, usar talheres reutilizáveis e dados de preferências de passageiros frequentes para diminuir o desperdício de comida nos aviões.

Lá também se sabe que o pessoal de bordo é fundamental. Para atingir a meta, a Iberia planeja investir no treinamento dos seus tripulantes.

3 Comments

  1. Alexandre Azevedo disse:

    ótima matéria no que diz respeito a destinação correta dos resíduos em empresa aéreas, política de estímulos a sustentabilidade será de grande avanço á humanidade.

  2. Vera Silva disse:

    Gostei muito do artigo do seu site, estarei acompanhando sempre. Abraços

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